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... dos dias em que o céu se abateu sobre a minha cabeça: o grito de dor da minha mãe a dar-me conta da morte do meu pai, os olhos marejados de todos os membros da equipa do INEM, a imagem do meu pai prostrado na terra coberto com um plástico azul, a aldeã que não parava de lamentar a batateira linda sobre a qual o meu pai havia caído, as horas infinitas à espera da autorização do delegado de saúde para libertar o corpo, o esgar dorido na cara do GNR quando lhe perguntei em prantos o que faria se fosse o pai dele a estar ali, os braços inertes do meu pai quando finalmente o removeram do chão, a coragem do meu marido ao tomar as rédeas das exéquias, ele que, desde a morte da sua mãe, sempre evitou este tipo de "eventos", a capela minúscula onde o meu pai foi velado, o mar de flores que praticamente soterrou o caixão, os abraços... meu Deus... os abraços cheios de emoção e tão reconfortantes, a multidão imensa que invadiu o cemitério... e o que me disse uma prima de longe, "dizem que os verdadeiros amigos se veem nestas alturas mais difíceis, mas a verdade é que é nas alegrias que tu realmente sabes quem são, porque nunca há tempo, disponibilidade e muita vontade para celebrar a amizade, uma vez que a temos por garantida, no entanto, quando morres aparecem todos. Mais do que nos funerais, é nas festas que vês quem verdadeiramente gosta de te ter por perto"...